De A Tribuna On-line
Atualizado às 11h10
"Tinha tudo para ser perfeito. A união de uma ilha paradisíaca, localizada na entrada da Barra de Santos, com música boa, embalada por cinco dos melhores DJs do Brasil. Mas a falta de organização fez com que a noite não fosse agradável" . O relato é de um internauta que, assim como outras cerca de 4 mil pessoas, viram a festa temática Perfect Life se transformar em um pesadelo. Ele preferiu não se identificar, mas relatou para A Tribuna On-line o que presenciou.
Imagens registradas por outros internautas também mostram os momentos de aflição do público no acesso às embarcações que os transportariam para a Ilha das Palmas. O local, administrado pelo Clube de Pesca de Santos, foi sede da Perfect Life, atração itinerante do Club Sirena - especializado em música eletrônica.
A situação vivida por quem estava na Ponte dos Práticos (Edgar Perdigão), na Ponta da Praia, entre as 23 horas de sábado e às 3 horas (da madrugada) de domingo foi "desesperadora", conforme os relatos.
"Entre corre-corre, gritaria, pedido de socorro e pânico, foram inúmeras as que tiveram que ser atendidas por equipes de socorristas.", diz o internauta.
No Facebook, muitos jovens mostraram indignação. Ale Costal disse "Maior falta de organização e consideração tanto com os convidados quanto com os moradores, promessas que não foram cumpridas, cade os 5 barcos que teria a disposição dos convidados? que caberiam em torno de 100 pessoas cada.... não vi nada alem de um barco com menos de 80 pessoas que foi e não voltou em menos de 1 hora. e as escunas que tínhamos que pular pois não conseguia atracar... ABSURDO!"
Fabiana Kamel também relatou a decepção na rede social. "Totalmente absurdo!!! 70% das pessoas nao entraram... Total falta de respeito e organização. Vendem mais convites que o permitido. Tinha três barcos para três mil pessoas. Fora que a galera ficou até três da manhã para cancelarem a entrada no evento!!!!"
Outros exigem o dinheiro de volta, como é o caso de Quezia Machado. "Só quero meu dinheiro ,nem vou falar de organização porque nem teve organização! Tremenda falta de respeito,até na fila estava uma porcaria,todo mundo furando e empurrando...Baixaria total! Vendem ingresso como água e a gente fica no prejuízo! "
Resposta
Paulo Ruas, responsável pelo marketing da GCF Entreteniment, parceira do Sirena e da Perfect Life, alegou que a organização estruturou a festa para cerca de 2 mil pessoas. No entanto, segundo ele, a venda de ingressos falsos teria levado centenas de pessoas a mais ao local. A organização teria demorado para perceber o ocorrido e, quando descobriu, bloqueou a entrada. Quanto à restituição do ingresso, Paulo afirma que a empresa ainda estuda o que será feito.
Pânico: após destruição de barreira montada pelos seguranças, público invadiu a Ponte dos Práticos
Seguranças insuficientes
De acordo com internauta, milhares de pessoas se espremiam entre as grades e vidros de proteção do embarcadouro. "A Polícia Militar foi acionada, mas, mesmo assim não conseguiu evitar que a desordem tomasse conta do local." Ele ainda reforça que o número de seguranças disponibilizados pela organização do evento não era suficiente.
"Muito do que ocorreu, segundo apurado, foi em razão da longa demora para a travessia, que, em média, deve durar 30 minutos, já contando com o tempo de embarque".
De acordo com a declaração, quem chegou à meia-noite, conseguiu espaço em um dos barcos disponibilizados pela festa apenas duas horas e meia depois.
O internauta mencionado no início do texto conta que a confusão maior ocorreu "quando aproximadamente 20 jovens conseguiram quebrar todo o aparado montado na ponte para chegar ao atracadouro". Ele ainda diz que a multidão que vinha atrás seguiu o fluxo de forma amedrontadora, prensando pessoas contra as paredes e a beira do mar.
Imagem mostra estrutura erguida pela Polícia. 15 minutos após liberada, multidão destruiu as gradas
Em razão da confusão, as escunas e catraias que faziam o transporte dos convidados tiveram que parar o embarque e desembarque das pessoas por aproximadamente 30 minutos.
Ainda segundo o internauta, o reforço da Polícia Militar (Rocam e Força Tática) foi acionado e controlou temporariamente os ânimos exaltados. "Mas, não durou muito: o gradeado de isolamento reorganizado pelos soldados foi destruído por outro grupo de jovens que se mostraram insatisfeitos com a posição tomada pela equipe no local."
Moradores
As pessoas que moram na Pouca Farinha, do outro lado do Canal do Porto, em Guarujá, tiveram problemas. Muitos trabalhadores, que voltavam para casa ao fim do expediente, esperaram horas para conseguir entrar no atracadouro, que precisou ser isolado pelos policiais, com o intuito de evitar algum acidente maior.
A Tribuna On-line entrevistou Larissa dos Santos, moradora de Santa Cruz dos Navegantes. Ela conta que teve que sair para levar a filha ao médico e ficou cerca de quatro horas na ponte Edgar Pergigão, para tentar voltar para casa.
"Eu fui para Santos com a minha filha, que estava com dor de ouvido. No retorno, fui para a ponte Edgar Perdigão. Isso era por volta de 10 horas da noite. Quando chegamos à ponte, havia muita gente bêbada e confusão. Eu pedi ajuda aos policiais para conseguir passar de volta, e eles tentaram me ajudar. Só que era muita confusão. Fiquei até às 2 horas com a criança no frio. Um adolescente bateu na cabeça dela na confusão e hoje ela está pior. Quero que paguem médico para ela. Não conseguimos entrar na nossa casa por causa de balada".
Embarcações saíam do atracadouro com superlotação. Passageiros ficam pendurados do lado de fora
A festa
"Perfect Life Sirena Tour inova realizando a primeira festa de música eletrônica em uma ilha particular no estado de São Paulo". Foi dessa forma que os organizadores atraíram o público para participar do grande evento, que só agradou àqueles que conseguiram chegar à ilha.
Mesmo lá, mais e mais filas: em um espaço aberto onde eram esperadas 4 mil pessoas, faltava lugar devido à superlotação. Informação obtida pela reportagem de A Tribuna On-line indica que ao menos outras mil pessoas não foram autorizadas a atravessar o canal para participar do evento.
Cada pessoa teve que desembolsar entre R$ 50,00 e R$ 150,00 para garantir um ingresso que permitiria a entrada à festa.
Entre os profissionais contratados, também muita insatisfação. Em meio à confusão, seguranças brigavam entre si, acusando um ao outro pela incapacidade de organizar as milhares de pessoas. "Estou vivendo o pior dia da minha vida. Ganhei R$ 100,00 para enfrentar isso tudo", disse uma atendente de caixa, que ficou inconformada com a falta de segurança e logística oferecida pela organização.
A situação só foi controlada por volta das 4 horas deste domingo, quando a polícia não permitiu mais o acesso à ilha. Uma hora depois, a volta para a casa foi a única alternativa encontrada para aqueles que conseguiram ou não aproveitar o investimento feito.
Polícia foi acionada, mas não conseguiu controlar de imediato a situação: houve novamente briga e corre-corre
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